O crescimento e o fortalecimento da economia brasileira tem apresentado várias conseqüências. Uma delas é o maior acesso à mobilidade pessoal, que infelizmente vem pelo maior acesso aos automóveis, ao invés de um acesso universal a um transporte coletivo de qualidade.
De um modo cruel, um maior número de automóveis nas ruas impedem uma melhor “mobilidade”, pretensamente atingida com a aquisição de um automóvel, levando na verdade (e desculpem-me o trocadilho infame) a uma condição de “imobilidade”.
Essa imobilidade pode mesmo ser interpretada por uma certa dificuldade do governo em acompanhar o crescimento da economia com medidas enérgicas para melhoria da infra estrutura de um modo geral.
E não apenas aumentando a largura ou o comprimento de estradas, mas tomando importantes decisões estratégicas no sentido de viabilizar meios de transporte mais racionais, como o transporte ferroviário e o transporte hidrovíário. Justamente em um país de extensão continental, com uma grande quantidade de hidrovias viáveis.
Enquanto assistimos o nosso tempo e o nosso dinheiro ser jogado fora com horas intermináveis perdidas em longos e exaustivos engarrafamentos, além dos inevitáveis pequenos acidentes, cujas probabilidades de ocorrência aumentam escandalosamente com o tempo presente nesses engarrafamentos, assistimos também a inúmeras campanhas publicitárias pedindo que todos tenham mais paciência no trânsito.
É claro que essas iniciativas devem ser louvadas já que pretendem poupar vidas e evitar acidentes. Com certeza essas campanhas devem continuar!
Entretanto, quero lembrar que também é necessário ter mais respeito por todos aqueles com quem dividimos nosso tempo perdido em engarrafamentos.
Todos que preferem furar um engarrafamento seguindo pelo acostamento, assumindo culposamente o risco de acidentes com pedestres e com outros automóveis, não merecem a minha paciência. Esses precisam ter respeito!
Todos que cruzam um sinal vermelho na ansiedade de não ficarem retidos e seguirem seus caminhos, trancando culposamente o cruzamento e intensificando a sensação de caos, não merecem a minha paciência. Esses precisam ter respeito!
Todos que utilizam seus veículos grandes e com motores poderosos para se impor no trânsito, cruzando de uma pista a outra em busca de um melhor posicionamento sem sinalizar ou demonstrar ter percebido a presença de outros veículos na pista, não merecem a minha paciência. Esses precisam ter respeito!
É necessário, sempre, ter paciência. E é necessário, também, ter respeito!