Bastou uma pequena viagem entre Porto Alegre e Três Coroas, no caminho da serra gaúcha, no feriado do Dia do Trabalho, para observar uma quantidade quase absurda de transgressões praticadas pelos condutores em uma rodovia federal, a BR-116, e em quatro rodovias estaduais, a RS-118 e a RS-020, na ida, e a RS-115 e a RS-239, no retorno.
Os automóveis entram e saem das estradas como bem entendem, raramente sinalizando suas atitudes; veículos de grande porte transitam em altíssima velocidade, principalmente se consideradas as suas dimensões; as ultrapassagens, quase sempre forçadas, ocorrem entre os carros ou entre carros e as muretas de proteção; os condutores de automóveis mais capazes parecem se sentir em pistas de corrida; além de pedestres cruzando ruas e estradas bem ao lado de passarelas; entre outras ações, demonstrando desrespeito por leis e pelos outros condutores e pedestres.
Vou limitar os comentários deste artigo às transgressões dos limites de velocidade. É possível afirmar que há transgressões nos dois extremos, tanto para as velocidades máximas quanto para as velocidades mínimas.
Nessa pequena viagem, conduzi meu veículo nas velocidades permitidas em cada uma dessas estradas. Na maioria dos trechos, 80 km/h. O tráfego foi sempre bastante intenso em todo o percurso e na maioria das vezes fui ultrapassado por outros condutores. Houve também alguns casos de veículos transitando em velocidades muito baixas, incompatíveis com o tráfego, que tiveram que ser ultrapassados.
É verdade, em muitos casos, que muitos condutores executam suas ultrapassagens em condições de segurança. Mas o fazem para seguir viagem em velocidades superiores à velocidade limite. Em vários outros casos, os condutores trafegam de um modo perigoso e irresponsável, colocando em risco as vidas de todos ao seu redor, de dentro de seus veículos, dos outros veículos e mesmo os pedestres.
Muitos condutores têm uma postura do tipo “ou sai da frente, ou te atropelo!”. E vários apresentam o péssimo costume de “grudar” seus veículos na traseira de quem vai a frente, talvez para espalhar o terror ou simplesmente para mostrar sua superioridade ao volante.
Também são muitos aqueles que conduzem seus veículos a velocidades muito baixas, como 40 km/h ou 50 km/h, que, mesmo sendo velocidades permitidas em todas essas estradas, atrapalham o livre fluxo de veículos, que são muito numerosos e que rapidamente provocam longas fileiras por qualquer obstrução.
Como superar essas dificuldades, já que, parece, estamos mesmo condenados a conviver com uma grande quantidade de veículos em estradas com pouca ou nenhuma manutenção e sem dimensões adequadas?
A fiscalização das leis do trânsito, com aplicação de multas, é sempre uma artifício que não deveria ser considerado como algo opcional para aumentar a segurança nas estradas.
Além disso, e principalmente, essas dificuldades podem ser superadas com postura e planejamento por parte de condutores e pedestres.
Uma postura mais nobre, com respeito às leis de trânsito e acima de tudo com respeito às outras pessoas, tanto condutores de outros veículos quanto pedestres. E, do mesmo modo, por parte de pedestres. Uma melhor postura pode reduzir sensivelmente a quantidade de infrações e também de acidentes.
E planejamento! Tanto condutores quanto pedestres devem planejar suas ações. Se um condutor vai entrar em uma estrada, deve planejar de que modo executará essa operação. Se um condutor está em uma faixa e precisa em uma certa distância estar em outra, deve planejar essa ação com antecedência, evitando improvisos (que podem ser fatais).
Se um pedestre precisa atravessar uma rua ou uma estrada, terá muito mais tranquilidade se planejar essa ação. E terá uma chance muito maior de sucesso!