O elevado consumo de petróleo e uma demanda internacional que segue em crescimento (além do preço do barril em queda), as questões ambientais decorrentes desse consumo e uma sociedade que valoriza o uso do automóvel e que também valoriza o automóvel como um bem de consumo criam um panorama que exigirá para muito breve uma tomada de posição!
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O petróleo é responsável por aproximadamente 40% de toda a energia utilizada pelo homem atualmente, em suas várias formas. É uma dependência dramática e que deve ser enfrentada, tanto pelas suas consequências geopolíticas quanto pelos efeitos negativos desse consumo sobre o meio ambiente.
A população mundial segue crescendo, mais em algumas regiões que em outras, e é natural que as expectativas da população por bem estar também sigam uma tendência de crescimento (do mesmo modo mais em algumas regiões que em outras). Crescimentos que inspiram cuidados!
Mesmo com uma demanda crescente por petróleo e seus derivados, o preço do barril de óleo está em queda em um panorama internacional (de “anti-crise” do petróleo) que é complexo e que exige um olhar bastante amplo e interessado sobre vários aspectos do mundo moderno para que esse fenômeno seja bem entendido.
O consumo de petróleo em tão grandes quantidades envolve consequências bastante sérias ao meio ambiente. Tanto o consumo em usinas termelétricas, para disponibilização de eletricidade, quanto o consumo em automóveis, caminhões e outros meio de transporte ao longo de tantas décadas têm consequências devastadoras com a emissão de gases estufa e a alteração do clima.
Em relação ao automóvel, especificamente, há agravantes! É um símbolo da autonomia pessoal, inegavelmente, conferindo uma independência fantástica e incomparável àqueles que a ele têm acesso. Além disso, também é um bem de consumo, sendo muitas vezes substituído a cada dois ou três anos, mesmo custando na maioria dos casos o equivalente a pequenos imóveis.
É necessário então encontrar uma solução que permita seguir convivendo com o automóvel e ao mesmo tempo reduzindo os impactos negativos associados ao seu uso tão extensivo. Nesse sentido, várias medidas seriam esperadas, desde um uso mais racional do automóvel como um meio de transporte até o incremento tecnológico de suas características no que diz respeito ao consumo de combustíveis e aos impactos ambientais decorrentes de seu uso.
Quanto aos combustíveis, um menor consumo seria desejável, o que pode ser obtido com aumento de eficiência ou com novos arranjos tecnológicos. Os automóveis têm apresentado desempenhos cada vez melhores, com motores mais eficientes e com avanços em aerodinâmica, mas é por meio de arranjos inovadores com motores elétricos que os melhores resultados ainda serão obtidos. Desse modo, teremos o que é chamado de automóveis híbridos.
Os automóveis elétricos já se encontram disponíveis, mas por alguns motivos importantes eles ainda não se firmaram no mercado e ocupam ainda uma fatia bastante pequena entre os consumidores. A verdade é que os automóveis elétricos ainda precisam evoluir para que suas vendas cresçam e, ao mesmo tempo, eles terão seu lugar de destaque em um momento do futuro, quando estiver estabelecida a economia de hidrogênio. Mas essa é uma questão para outro artigo!
É possível construir um espectro que teria os automóveis atuais (com motores de combustão interna com ciclo de quatro tempos em sua grande maioria) em um dos extremos e os automóveis puramente elétricos no outro extremo, com várias combinações entre esses motores convencionais e os motores elétricos entre os dois extremos. E há várias combinações possíveis!
Um dos modelos mais bem sucedidos entre os automóveis híbridos é o Toyota Prius, com posição já consolidada no mercado. A foto à direita mostra um Prius de 2012.
É equipado com dois motores, um convencional e o outro elétrico, ambos podendo contribuir para tracionar o veículo. Um sistema de regereneração, instalado nas quatro rodas, permite reaproveitar em parte a energia consumida em frenagens. Um conjunto de baterias completa a parte elétrica desse sistema, para armazenar a energia recuperada e disponibilizá-la aos motores de tração. É uma configuração já bastante testada ao longo das últimas décadas!
Uma configuração mais simples e portanto mais barata pode ser obtida com motores elétricos utilizados para tração do veículo e com um sistema de baterias que pode ser recarregado com o veículo em movimento utilizando um pequeno motor a combustão interna. Essa configuração é inclusive denominada como range extended electric vehicle. É o caso por exemplo do Chevrolet Volt.
É uma configuração promissora, já que os motores elétricos, como componentes tratores, apresentam boa relação entre torque e potência. Além disso, os motores a combustão interna, para recarga das baterias, podem ser muito pequenos, talvez mesmo do tamanho de motores de cortadores de grama, exigindo menos com manutenção e poluindo muito menos.
Essa configuração também pode render belos automóveis esportivos. É o caso por exemplo do finlandês Fisker-Karma, montado pela valmet Automotive, mostrado na foto abaixo. É tracionado por dois motores elétricos com 161 HP, com um motor a combustão (não tão pequeno) de 2 litros para recarga de baterias. O espaço para passageiros é pequeno pelo grande volume necessário para as baterias de íon-lítio. O carro pesa 2.400 kg e mesmo assim ultrapassa os 200 km/h e arranca até os 100 km/h em 6,3 segundos.
Os automóveis híbridos, em suas várias configurações, podem então constituir uma possível solução intermediária entre os automóveis que temos na atualidade e os automóveis elétricos definitivos, devidamente encaixados em uma futura economia amplamente baseada em hidrogênio e na qual teremos energia limpa e virtualmente infinita obtida com o processo de fusão nuclear. Um futuro que precisa ser iniciado o quanto antes!
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Este texto também foi publicado (parcialmente) pela seção dedicada à tecnologia do blogue português Obvious Magazine em automóveis híbridos – uma possível solução intermediária.